Procurando cinema na rede?

Tuesday, November 3, 2009

O Fabuloso Destino de Amelie Poulain


(Le fabuleux destin d'Amélie Poulain, França, 2001)

Após longa ausência, decido voltar ao blog depois de assistir (tardiamente, com certeza) ao Fabuloso Destino de Amelie Poulain (França, 2001). A frase que me fez acordar? "É inalienável o direito que cada um tem de estragar a própria vida".

Com uma linguagem pop totalmente videoarte que me surpreendeu, Amelie conta uma história simples e humana de forma muito sensível. A direção de arte dá o tom de fantasia, e a construção detalhada dos personagens pelo narrador onisciente é o que define o filme em sua humanidade e delicadeza.

Ao narrar fatos amplamente ignorados pelas pessoas no dia a dia - como pressão atmosférica do ar e ações paralelas entre vários personagens que não se conhecem, ou que nem possuem participação ativa no enredo - o filme passa a sensação de que ignoramos muito mais do que sabemos, porque, afinal, pouco da vida é realmente valioso.

A ambiciosa e inocente jornada meio Polyanna Moça, meio Alice no País das Maravilhas de Amelie Poulain, em busca de fazer a diferença na vida dos que a cercam, me deixou com uma dúvida interessante. Seria melhor vivermos em uma fantasia que nos ilude, mas também conforta, ou encarar constantemente uma realidade que nos amargura dia após dia? Começo a acreditar que há coisas em que é melhor simplesmente não acreditar.

Amelie na Net Movies

Amelie no Adoro Cinema.com

Amelie no Cinema em Cena

Saturday, July 18, 2009

Imagem dos Povos



O V Seminário Internacional Audiovisual Imagem dos Povos terminou ontem, com debate a respeito do fundo fracês de apoio ao desenvolvimento de roteiros do Festival International du Film d´Amiens, que acontece em Amiens, na França.
Funciona com a escolha de 5 projetos, num universo de cerca de 150 enviados, que recebem uma bolsa de $10,000 Euros para que o roteiro seja desenvolvido.

Segundo o representante do Festival, Jean-Pierre Garcia, estar entre os cerca de 20 projetos pré-selecionados já pode ser considerado um grande estímulo para os autores, uma vez que o júri é composto por profissionais altamente qualificados, que mantêm contato com todo o universo dos grandes festivais, como o de Cannes.

Para os realizadores brasileiros que se interessam, Jean-Pierre afirma que poucos projetos do Brasil são apresentados, e que eles esperam que o Imagem dos Povos ajude a aumentar o nosso interesse. As inscrições para este ano vão até o dia 15 de Agosto.

Informações sobre o 14th Screenplay Development Fund of Amiens International Film Festival:

www.filmfestamiens.org
contact@filmfestamiens.org

Ps.: Detalhe, os projetos devem ser traduzidos para o francês.

Wednesday, July 15, 2009

Imagem dos Povos 2009



Começou hoje o V Seminário Internacional Audiovisual Imagem dos Povos, em Belo Horizonte. O tema deste ano é África Brasil Caribe França.

Participo amanhã da Sessão 3, que vai apresentar mecanismos de co-produção Brasil-França. Na sexta, participo da Sessão 6, que vai abordar inscrição e modelos de roteiro para leis de incentivo na França.

Promete ser muito interessante! Em breve, posto as observações.

Abraços!

Tuesday, July 14, 2009

Rain Man



(Rain Man, EUA, 1988)

O filme Rain Man está listado na página 768 do livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer.

Na página 768 há 675 palavras. (768 x 675 = 518.400).

São 2.876 caracteres. (2 + 8 + 7 + 6 = 23. 2 + 3 = 5). Com espaço.

Na coluna ao lado há 37 nomes listados.

São 879 caracteres. (37 x 879 = 32.523).

Faltam 22 minutos para as 23h. Oh-oh!

Faltam 21 minutos para as 23h.

23h! Lights out!


*Ps.: Não, eu não sei fazer as contas acima de cabeça. Só Rain Man sabe.

Monday, July 13, 2009

As belas na tela



Seguindo minha lista do livro 1001 Filmes para ver Antes de Morrer, aluguei Forrest Gump, o Contador de Histórias, Casablanca e Se Meu Apartamento Falasse. Vergonha dizer que ainda não tinha visto os dois primeiros, mas minha idade me justifica em partes.

O que notei de mais interessante ao ver os três quase em sequência foram as peculiaridades e as sutis mas definitivas diferenças entre as três mocinhas.



Depois de assistir a Forrest Gump, dei um pulo no livro para ler a resenha. O autor argumenta que o romance entre Forrest e Jenny não convence pois ela só o procura quando precisa de ajuda. Concordo com ele, não me convenceu. Porém, pensando um pouco melhor, acho que o principal motivo para não ter me convencido - e talvez ao próprio resenhista também, sem que ele se desse conta - é o perfil físico da atriz Robin Wright Penn (Jenny). Ela basicamente não tem cara de mocinha frágil que necessita de resgate. Tem na verdade cara de uma mulher forte, aventureira e independente, que - aí sim - usa Forrest para seus próprios interesses.

É preconceituoso, eu sei, mas Hollywood sempre viveu dos estereótipos que a própria indústria criou para simplificar o processo e enlatar gêneros.

O perfil de mocinha frágil - delicada, doce e seriamente bela - com toda a carga de empatia que uma leading lady deve extrair do público, está completamente presente em Ilsa (Ingrid Bergman) e em Fran Kubelik (Shirley MacLaine). O que as torna legítimas e merecedoras da devoção dos mocinhos, na visão mais subconsciente do público. Me convencem de que o mocinho está ali para completá-las, abastecê-las e dar a elas sua verdadeira razão de ser.



Claro que a comparação não é exatamente justa. O perfil da mocinha, assim como o da mulher dentro da sociedade, mudou drasticamente desde Se meu apartamento..., de 1960, e Casablanca, de 1942. Apesar de Forrest Gump, lançado em 1994, se passar entre as décadas de 1940 e 1980 - ou algo assim -, o perfil de Jenny é moldado a partir da nova mulher que surgiu na década de 1960 com a pílula, se fortaleceu na década da 1990 e chegou hoje ao que todos somos testemunhas.

Confesso que apesar de ser eu própria uma mulher da nova geração - que pretensão -, ainda me encanto e me emociono mais com Ilsa e Miss Kubelik. Acredito que ainda em 2009, as Jennys esperam por seu Rick e sonham com alguém que as adorará como Bud.

"I simply adore you, Miss Kubelik!"

Anyway, todos os três filmes são imperdíveis. Um clássico nunca é chamado de clássico à toa.

Ps.: para quem entende certas gírias em Inglês, nao deixe de notar os trocadilhos de Bud (Se meu apartamento...): "That´s the way it crumbles, cookiewise". Risadas sinceras.

Tuesday, July 7, 2009

Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos


(Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios, Espanha, 1988)

Recentemente me presentearam com o livro 1001 filmes para ver antes de morrer. Não só por estar listado, mas porque sempre tive a curiosidade, aluguei Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, filme que deu a Pedro Almodóvar a primeira indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro - 1988.

Eu já tinha me acostumado ao Almodóvar de Volver, de Tudo Sobre Minha Mãe, de Penélope Cruz. Foi uma surpresa reconhecer a mãe de Penélope em Volver - Carmen Maura - como Pepa, a atriz de TV que tem sua casa invadida pela esposa e pelo filho de seu amante, pela namorada do filho e ainda por uma amiga que está às voltas com um terrorista. Tudo isso quando acaba de ser deixada por Iván, o amante.

Sinceramente, esperava mais risadas, mas as que o filme traz são das mais inteligentes e sarcásticas. Antonio Banderas como o filho do amante está uma graça. Um perfeito jovem sem jeito mas já um belo sedutor. Já a esposa traída Lucia (Julieta Serrano) é sem dúvida o ponto alto do filme.

Impossível não se sentir atraído, ou talvez incomodado, pela orgia de cores que Almodóvar traz à tela. Marca registrada do diretor, a hipérbole das atuações é em grande parte responsável pela comicidade do filme.

Assitir a esse trabalho é perceber de onde vem Pedro Almodóvar, e como ele transforma com o tempo os traços mais marcantes de sua arte.

Ps.: note quantas vezes Carmen Maura troca de roupa no filme. Rs.

Leia a crítica de Volver, por Marcelo Janot

Leia o comentário de Mulheres no Cine Players

Monday, June 8, 2009

Simonal - Niguém Sabe o Duro Que Dei


(Brasil, 2008)

Logo no início do documentário Simonal – Ninguém Sabe o Duro que dei , Chico Anysio, um dos 25 entrevistados, fala ao espectador que tem pena de quem não estava vivo para ver Wilson Simonal cantar. Foi um ataque pessoal, no meu caso. Com meus 20 e poucos anos, sou da geração que hoje só pode admirar alguns dos maiores ícones da música brasileira de longe. Nem sequer podemos ter a perspectiva de um dia vê-los ao vivo.

É, de fato, encantador ver um artista tão talentoso reger um Maracanãzinho lotado sozinho, sem a ajuda de qualquer campanha de marketing, sem efeitos especiais, sem telões. Com sua voz macia e seu jeitinho pilantra (como ele mesmo batizou), Wilson hipnotizava desde multidões até pequenas platéias. Se o objetivo era nos apaixonar por Simonal, os três diretores acertaram em cheio.

Cláudio Manoel (ele mesmo, do Casseta & Planeta), Micael Langer e Calvito Leal criam toda uma atmosfera para nos apresentar a Simonal. A montagem ágil tem toques de reportagem jornalística, dando voz não só aos que amaram Wilson, mas também aos que o descreditaram, na figura do jornalista Sérgio Cabral. Cada um dos entrevistados foi enquadradado tendo ao fundo objetos e símbolos que o contextualizaram dentro da história cultural. Chico Anysio, é enquadrado com Charles Chaplin; Ziraldo entra em cena com o Menino Maluquinho; Nelson Motta forma um belo ângulo com a fileira de discos atrás de si.

Há hoje uma grande leva de novos filmes que resgatam a história musical do país tratando de queridinhos da música brasileira, como Vinícius de Moraes. Dentre eles, Wilson Simonal é um dos que de fato merecia um trabalho nesse sentido, para que fosse esclarecido o mal-entendido que acabou com sua carreira. O seu suposto trabalho como informante do Dop´s (Departamento de Ordem Política e Social, outro termo que está fora dos dicionários da minha geração), o baniu das rodas culturais e artísticas e, por fim, da mídia.

É nesse momento que minha geração tem contato com algo ainda mais valioso, que é entender como funcionava a mente de intelectuais e artistas no contexto da ditadura. Percebe-se que nem todos os oposicionistas do regime eram flor que se cheirasse e que a atmosfera radicalista fez vítimas inclusive da esquerda. Naquele contexto, ser alienado era crime passível de julgamento e condenação. Como foi condenado Wilson Simonal.

Fica claro o enorme valor deste documentário. Trazer às novas gerações como eu, um ícone popular como Simonal, é não deixar morrer a memória de um artista que influencia a musica brasileira até hoje. Um exemplo é Sá Marina, que a minha geração só chegou a conhecer através da gravação de Ivete Sangalo, foi grande sucesso na voz de Wilson Simonal.

Confira o blog da Meire Bottura, fã do cantor

Wednesday, June 3, 2009

Caloura de segunda mão



Olá,
a partir de Agosto quem lê este blog vai ter acesso a críticas e comentários mais elaborados, embasados e felizes, porque esta que lhe escreve acaba de ser aprovada no vestibular novamente!
Começo a estudar Cinema (até que enfim), no 2o semestre!!! =)

Abs!!

Thursday, May 28, 2009

Uma Noite no Museu 2


(Night at The Museum, EUA, 2009)

Hoje tive a sorte de ter o último horário na faculdade cancelado. Resolvi seguir direto para o trabalho, e no caminho tinha um shopping. Ora, porque não almoçar no shopping? Melhor ainda, porque não ver um filme na sessão do meio-dia?
Grande ideia! O filme era Uma Noite no Museu 2.

Só sinto por estar sozinha na sala, porque não tinha com quem rir. Quase chamei o projetista pra descer e assistir lá de baixo!

Uma Noite no Museu 2 é a continuação da história do Museu de História Natural de Nova York, no qual todas as peças ganham vida durante a noite graças a um artigo egípcio mágico. Seria bobagem se o filme se levasse a sério, mas não é o caso.

Nesta sequência, o ex-guarda noturno Ben Stiller é chamado ao resgate de seus amigos de cera que foram transferidos para um museu em Washington. Só que ele agora é um empresário de sucesso que não consegue parar de atender ao celular e não se sente mais feliz com o que faz. Daí entra a parte que não pode faltar em filme de hollywood: se eles não te falarem qual é o segredo da felicidade, o filme está fadado ao fracasso. É tipo uma lenda urbanda, mas enfim...

O museu em Washington é o maior do mundo, com tantas personalidades malucas quanto a história da humanidade poderia ter criado. Juntos, Napoleão, Darth vader, Al Capone e tantos outros vilões juntos lutam para trazer das trevas um exército que vai dominar o mundo.

Os roteiristas Robert Ben Garant e Thomas Lennon conseguem ligar personagens tão distantes e vindos de contextos tão diferentes pelo maniqueísmo do qual todas as culturas são vítimas. Os bons contra os maus é sempre uma opção segura. Porém, o bacana do filme são justamente as piadinhas acerca da visão que temos de cada uma dessas personalidades.

O ponto alto do filme, para mim, são os quadros e pop arts famosos ganhando vida e Abraham Lincoln levantando de seu trono.

Uma Noite no Museu 2 não é qualquer obra prima nem busca passar qualquer mensagem nova. Mas é um bom produto de entretenimento, que pode ser uma boa pedida no horário do almoço ou numa sessão com amigos no fim de semana.

Wednesday, May 20, 2009

Os mesmos blockbusters



Esta semana me convenceram a assistir os dois blockbusters em cartaz, X-Men Origins Wolverine e Anjos e Demônios. Os dois parecem não ter nada em comum em termos de enredo e gancho narrativo, mas suas bilheterias não deixam de depor a favor de suas semelhanças.

Blockbusters o são por motivos não tão variados. O primeiro deles é o maniqueísmo do enredo. Há sempre um vilão e um mocinho. Eles não possuem nenhuma característica em comum e o mocinho sempre (sempre mesmo) vence. As cenas devem provocar o choque, seja por efeitos digitais, explosões, sangue jorrando ou pela correria contra o relógio. Sem elas, não existe um filme arrasa-quarteirão.


Também a trilha sonora dos blockbusters deve instigar a tensão, provocar expectativa, causar comoção e/ou susto. Sem músicas em tom de suspense crescente também não se tem um filme de grande bilheteria. E, finalmente, para fechar a receita, coloque dois ou mais atores minimamente conhecidos e um extremamente famoso. You´ve got yourself a hit!

Não sou contra blockbusters, nem anti-americana ou qualquer um desses clichês de rebeldia, mas depois que se assiste Fellini, Almodóvar, Hitchcock ou qualquer outro diretor e roteirista um pouco mais sofisticado, fica difícil apreciar filmes tão previsíveis.

Se você ainda tem espaço no repertório para mais uma história de herói contra vilão, mocinha sendo salva a segundos de uma tragédia e final totalmente conhecido, vá ao cinema mais próximo. Qualquer sala. Vai estar passando lá.

Veja no Críticos.com - Anjos e Demônios

X-Men Origins Wolverine - site oficial

Tuesday, May 19, 2009

Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada



(Dan in Real Life, EUA, 2007)

A primeira vez que assisti a Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada (mais um título em português que estraga o contexto do filme), acreditei estar frente a um belo filme sobre os valores reais da vida. O protagonista é um desacreditado que é tomado de surpresa por acontecimentos que o fazem dar valor ao que tem. Sempre bom ver esse tipo de filme, só pra elevar um pouco que seja o otimismo.

Porém, um ano depois, aluguei o DVD para ver novamente. E o encanto desapareceu. Steve Carell convence fora da comédia pastelão, mas ainda nos faz rir em momentos inapropriados. Juliette Binoche é mesmo maravilhosa, mas fica à vontade até demais, e se perde da legitimidade de uma situação embaraçosa (que é a do filme).

Além disso, qualquer um concordará que não existe um encontro de família tão tranqüilo, divertido, feliz e leve como aquele mostrado no filme. Simplesmente não é real, e todos sabem disso. Até que seria ótimo, mas não. Não cola.

Dan in Real Life tem os seus méritos, claro. É uma história gostosa de assistir, com tiradas geniais de humor. Afinal, percebi que talvez eu tenha levado o filme muito a sério da primeira vez. Ou talvez o próprio filme é que se leve a sério demais.

Dan in Real Life

Alugue pela internet

Assista ao trailer

Tuesday, May 5, 2009

Mostra Documentários de Busca no Cine Humberto Mauro



Começou ontem no Cine Humberto Mauro a mostra Documentários de Busca, que vai apresentar até o dia 12 de maio, terça-feira que vem, quatro documentários brasileiros.

Os escolhidos retratam uma fase de assimilação por parte dos documentaristas brasileiros de uma tendência mundial do cinema de documentário: o universo pessoal do realizador (es) assumindo papel de destaque na narrativa.
Para a mostra do Cine Humberto Mauro, os representantes desse recorte sobre o cinema brasileiro são:

Um Passaporte Húngaro, de Sandra Kogut;
33, de Kiko Goiffman;
Edifício Master, de Eduardo Coutinho;
e O Prisioneiro da Grade de Ferro, de Paulo Sacramento.

A mostra está sendo realizada com o apoio da Programadora Brasil, uma distribuidora de filmes brasileiros com mais de 300 títulos disponíveis em acervo para suprir,especialmente, as demandas de cineclubes e locais de exibição sem fins comerciais.

Evento: Mostra Documentários de Busca – Programadora Brasil
Local: Cine Humberto Mauro
Data: 4 a 12 de maio
Entrada Franca
Balcão de Informações: (31) 3236-7400.
O Balcão de Informações funciona das 14h às 21h

Confira a programação completa da mostra

Thursday, April 23, 2009

Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro




Foi ao ar na última terça-feira, 14 de abril, a 7ª edição do Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro, transmitido pelo Canal Brasil. Marília Pêra e Daniel Filho foram os hosts e já inciaram os trabalhos enfrentando uma pane nos teleprompters; a primeira de algumas gafes que o cerimonial cometeu. Artistas que entraram para anunciar prêmios, como Rodrigo Santoro, não tinham sido preparados para a aparição e alguns perdidos chegaram a zanzar pelo palco à procura do microfone. Tudo levado na onda do “tamo em casa”, principalmente pelo humor espontâneo (de improviso) de Daniel Filho.

O tema da festa era a música no cinema, em homenagem ao centenário de Carmen Miranda, a luso-carioca que nos levou a Hollywood, e aos 50 anos da morte do maestro Heitor Villa-Lobos, que fez grandes parcerias póstumas em trilhas sonoras. O cineasta Nelson Pereira do Santos foi o homenageado da noite por sua obra completa e inquestionável relevância para a história e a evolução do cinema no Brasil. Em seu discurso, o maestro lembrou o colega Orfeu da Conceição, outro ícone e artista que dá nome ao prêmio que é entregue pela Academia.

A lista dos vencedores do Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro traz surpresas e algumas marmeladas. A maior delas com certeza foi Linha de Passe, que saiu do auditório de mãos vazias. A maior gafe da Academia esse ano. Impossível entender como uma edição que homenageia Nelson Pereira, o cineasta que trouxe o povo para as grandes telas, deixa um filme tão realista quanto o de Walter Salles e Daniela Thomas sem subir ao palco.

Meu Nome Não é Johnny, a maior bilheteria do cinema brasileiro em 2008, levou quatro premiações (Melhor Ator, Atriz Coadjuvante, Montagem de Ficção e Roteiro Adaptado), mas perdeu o Melhor Longa-metragem de Ficção para Estômago, que não teve nem metade de seu público. Talvez por esse mesmo detalhe, as grandes surpresas tenham vindo do filme de Marcos Jorge (estreante em longas-metragens), que levou cinco premiações, em categorias de igual destaque: além de Melhor Longa de Ficção, Melhor Longa de Ficção pelo Voto Popular, Melhor Roteiro Original, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Direção.

O momento mais emocionante do Prêmio Vivo foi justamente o discurso de Babu Santana, o preso Bujiú em Estômago, que lembrou suas raízes no grupo “Nós do Morro” e ofereceu o prêmio à mãe: “A senhora sempre quis que eu segurasse um diploma. Espero que esse prêmio também seja motivo de orgulho”. Outra mãe que subiu ao palco do Prêmio Vivo foi a da atriz Leandra Leal, que não pôde comparecer à cerimônia para receber o prêmio de Melhor Atriz de 2008 pelo filme Nome Próprio. Ela leu o discurso que lhe foi ditado pela filha pelo telefone.

Ensaio Sobre a Cegueira levou categorias menos expressivas como Melhor Maquiagem e Efeito Visual, e também de maior importância como Direção de Fotografia e Direção de Arte.

O prêmio de Melhor Longa-metragem de Animação foi recebido como menção honrosa pelo filho único do gênero produzido em 2008, O Garoto Cósmico. Já o Melhor Longa Infantil foi para Pequenas Histórias, de Helvécio Ratton. Chega de Saudade, de Laís Bodanzky, teve que se contentar com o Melhor Figurino. Já Os Desafinados, de Walter Lima Júnior, com a Melhor Trilha Sonora de Wagner Tiso. Os documentários também foram bem representados com O Mistério do Samba levando o Melhor Montagem e Melhor Documentário.

Monday, April 6, 2009

Amarcord



(Amarcord, Itália, 1975)

Frederico Fellini amou o homem em sua integridade: em sua plenitude e também em suas misérias. Em Amarcord, o diretor, que criou o adjetivo felliniano para o cinema, demonstra toda a sua paixão pelo ser humano ao recordar memórias, reais ou fictícias, de sua vila natal, Rimini, na Itália. O título vem do dialeto falado nessa cidade, e traduz-se justamente em “eu me recordo”.

O filme se passa na década de 1930, período marcado pelo fascismo de Mussolini e pelo ufanismo italiano. A Itália buscava uma identidade nacional, uma unificação definitiva de seu território após séculos de disputas. O único meio encontrado pelos italianos foi se render a um governo ditatorial, que impusesse a identidade e o amor à pátria. Assim, Amarcord retrata o fascismo em cenas como a do professor que, sentado atrás da grande mesa no centro da sala, exalta o ditador e a pátria italiana.

Fellini decide produzir um filme com essa temática em 1973, justamente pelo contexto político e econômico em que se achava a Itália. O chamado “parlamentarismo de sabão”, totalmente corrompido, a máfia que dominava a população impondo as próprias regras e a confusão política começam a trazer o sentimento generalizado de que talvez um outro Mussolini pudesse novamente colocar ordem no país.

O diretor busca então relembrar a seus compatriotas as mazelas, o medo, e o ridículo que foi o período fascista. A figura do chefe de Estado em Amarcord é ridicularizada por sua estatura e por suas proezas nada heróicas, como atirar em uma vitrola. Este é o estilo de Fellini, acreditar na força do ridículo como poder revolucionário e desmoralizante, assim como Rabelais acreditava.

Em Amarcord, Frederico Fellini traz personagens tão caricaturais que sequer trocam de roupa ao longo do filme. Titta, o garoto em torno de quem a história da vila gira, nos apresenta a cidade, as pessoas e as situações mais rotineiras e também as mais impressionantes. Sua família, a típica família italiana como a imaginamos, protagoniza a cena mais neo-realista do filme, em que todos se sentam à mesa para comer. Na escola, os professores são feitos de bobos por ele e seus colegas. Assim também acontece no momento da confissão na Igreja. Eventos e rituais que marcam a vida de Rimini ao longo do ano que a podemos acompanhar em Amarcord.

Amarcord, eu me recordo, traduz uma das principais idéias do diretor Frederico Fellini. Para ele “quem não tem memória, não cria”. E assim ele utiliza seu passado romântico como matéria prima para situações que, como defendia, não foram exatamente vividas por ele, mas poderiam ter sido.

Thursday, April 2, 2009

Ele Não Está tão a Fim de Você


(He's Just Not That Into You, EUA, 2009)

Achei que finalmente iria ver algo novo. Mas a quem eu queria enganar? Um filme com tantos famosos não pode arriscar ser diferente. Acabou sendo realmente um livro de auto-ajuda que virou filme. Não me leve a mal, claro que é divertido e claro que são boas 2 horas de entretenimento. Mas a mensagem é a mesma de todas as outras comédias românticas: calma, seu final feliz também vai chegar. Quer mais auto-ajuda do que isso?

O início é interessante. Como mulher, ouvi finalmente alguém dizer a verdade sobre os homens que nunca ligam: ele não está a fim de você. E depois, como uma grande contradição, voilá, eles ligam e todas as mulheres terminam com finais felizes. Ok, duas delas terminam sozinhas e felizes, mas claro que quem importa não são elas. E sim as que terminam casando, namorando, ou ouvindo várias promessas.

Estou parecendo amarga, né? Ah, não é isso... É só que o filme tinha me deixado curiosa justamente porque o imaginei sendo uma comédia romântica rebelde. Mas enfim... Se você gosta de comédias românticas (como eu... ops!) assista, pois essa é no mínimo divertida!

Site do filme:

www.hesjustnotthatintoyoumovie.com/

Onde está passando em BH:

BH Shopping

Cineart Cidade

Cineart Del Rey

Cineart Itaupower

Diamond

Pátio Savassi

Tuesday, March 31, 2009

A Culpa é do Fidel!



(La Faute à Fidel!, França, 2006)

Sendo exibido em regime de reestréia em Belo Horizonte, somente no BH Shopping, às 15h10 (e não por muito tempo), La Faute à Fidel! conta a história de Anna (Nina Kervel), uma menina de 9 anos.

Em 1970, Anna estuda em colégio de freiras e é uma perfeita dama. Seu pai Fernando (Stefano Accorsi) é advogado e sua mãe Marie (Julie Depardieu, filha do Gerard), jornalista da revista Marie Claire. Seu irmãozinho se chama François (Benjamin Feuillet) e sua babá cubana, Filomena (Marie-Noëlle Bordeaux).

Até que chega a irmã de seu pai, Marga (Mar Sodupe), fugindo da Espanha e do ditador Franco. E seus pais até então satisfeitos com a vida, decidem ajudar chilenos em trânsito a eleger Salvador Allende.

O mundinho de Anna vai caindo aos poucos com a mudança da casa enorme para um pequeno apartamento e a viagem constante dos pais. Quando Filomena é então demitida, por ser contra o regime comunista, olha bem nos olhos de Anna e explica: "A culpa é do Fidel".

Totalmente visto pela perspectiva de Anna, A Culpa é do Fidel! faz você se sentir novamente como uma criança. Ninguém te explica o que está acontecendo, e temos que ouvir conversas picadas por detrás das portas. Náo à toa, ela se rebela contra a barba do pai, o apartamento pequeno para o qual se mudam, as babás novas.

Quem finalmente explica o que são os comunistas a Anna são uns 6 barbudos fumadores de charuto que têm frequentado o apartamento desde a mudança. Cena no mínimo engraçada.

La Faute à Fidel! (nome gostoso de pronunciar em francês, rs) me faz pensar novamente porque será que não existe um Oscar para as crianças do cinema?? Nina Kervel e Benjamin Feuillet estão perfeitos.

Site oficial de A Culpa é do Fidel!:
http://www.lafauteafidel-lefilm.com/

O que quem entende pensa:
http://www.omelete.com.br/cine/100009978.aspx

http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,,MUL233203-7086,00.html

Filmes para entender o...

SURREALISMO

Uma vez fiz um curso de História do Cinema, na Academia de Idéias (link ao lado), em Belo Horizonte. E o professor, Breno Alves, nos enviou listas com filmes que sintetizavam certas fases do cinema mundial.

Abaixo, a lista de filmes indicados para entender a fase surrealista do cinema, protagonizada por realizadores como Luis Buñel e Salvador Dalí.



Luis Buñuel (1900 - 1983)

O Cão Andaluz (Un Chien Andalou, França, 1929)
**Resista a fechar os olhos na cena em que a navalha corta os outros olhos na tela!
A Idade do Ouro (L´Age d´Or, França, 1930)

Filmografia do diretor:

Os Esquecidos (1950)
Viridiana (1961)
O Anjo Exterminador (1962)
Diário de uma Camareira (1964)
A Bela da Tarde (1967)
Tristana (1970)
O Discreto Charme da Burguesia (1972)
Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977)

Nota do professor:
Interessante notar como o diretor evoluiu sua narrativa afastando-se do experimentalismo, com um forte trabalho narrativo, mas sempre preservando um pouco o olhar surrealista.

Onde achar O Cão Andaluz na rede:

Roteiro e argumento originais:
<http://www.pco.org.br/livraria/programacao/ciclobunuel/roteiro.htm?target>

Comprar o DVD duplo, que traz O Cão Andaluz e A Idade do Ouro:
<http://www.2001video.com.br/detalhes_produto_extra_dvd.asp?produto=9602>

Monday, March 30, 2009

Piaf - Um Hino ao Amor



(La Môme, 2007)

Por um acaso, sapeando a tv a cabo, caí no filme Piaf - Um Hino ao Amor que conta a trajetória da cantora francesa Edith Piaf. Muitas pessoas já tinham me indicado este filme, mas ainda não tinha achado tempo para alugar o DVD. Foi pura sorte. E sorte mesmo, pois vale a pena tirar duas horas para assistir.

Sem ordem cronológica, o filme retrata em sua fotografia escura os tantos abusos e dores e separações vividos por Edith ao longo da vida. É um filme escuro, que só se ilumina quando a cantora sobe ao palco e a luz do refletor solitário lhe é direcionada. Uma metáfora de sua existência: Edith viveu para estar no palco.

A atriz Marion Cotillard ganhou o Oscar por sua atuação em Piaf no ano passado, e de fato ela está maravilhosamente irreconhecível. Mas não só ela, que interpreta Edith nas fases jovem, adulta e na velhice, merece reconhecimento. Manon Chevallier e Pauline Burlet, que interpretam a cantora na infância, também estão perfeitas em seus papéis.



O filme é especialmente dolorido ao retratar a morte do amante de Edith, o pugilista Marcel Cerdan, interpretado por Jean-Pierre Martins. Nos sentimos como ela; zonzos, tomados de surpresa pelo acontecimento que mudou seu modo de viver e de encarar o futuro.

A ordem dos acontecimentos não fica clara, e assim somos também tomados de surpresa por algumas revelações que chegam ao final, junto com a morte da cantora.

O retrato de sua vida boêmia, a delicadeza com que a menina orfã vai se transformando em Edith Piaf são alguns dos trunfos do diretor Olivier Dahan. Fiquei totalmente encantada.

Ps.: impossível não lembrar de Maysa, recentemente retratada em minissérie na Rede Globo.

Para fuçar depois de assistir ao filme:
<http://www.edithpiaf.com.br> **site oficial

Para alugar o DVD:
<http://www.netmovies.com.br> **Locadora online, sensacional! (não, eu ainda não recebi pra fazer esse merchan... rs)

Para ler o que quem entende achou do filme:
<http://www.criticos.com.br/new/artigos/critica_interna.asp?secoes=&artigo=1306>

Sunday, March 29, 2009

O Casamento de Rachel


(Rachel getting married, 2008)

Dramas incomodam. Talvez por isso algumas pessoas tenham saído da sala antes de "O Casamento de Rachel" terminar. Mas é disso que um filme precisa, na minha opinião, para valer a pena ser assistido. Ele tem que incomodar, e ficar em você. Mexer uns pauzinhos na sua cabeça, tirar da poltrona e te levar pra dentro. E a câmera intimista de Jonathan Demme nos leva para dentro da casa de Rachel (Rosemary DeWitt), e para a companhia constante de Kim (Anne Hathaway, indicação merecida ao Oscar de melhor atriz).

A festa do casamento é uma daquelas que nos faz desejar estar lá, realmente. Mas é uma total surpresa. Eu esperava um casamento bem americano, com flores brancas, violinos clássicos, grinaldas e milhares de convidados. Não é o que se vê, é uma delícia de casamento. O que contrapõe justamente com a problemática Kim. Ex-viciada em drogas que carrega a culpa de ter desmembrado a família. E tenta se encaixar no meio de tantas cores e sons com suas águas tônicas e os initerruptos cigarros.

"O Casamento de Rachel" é um drama realista, sóbrio. Mas, apesar de intimista, não temos acesso a nada do que se passa na cabeça de nenhum personagem. Como convidados da boda, acompanhamos calados ao que acontece. E nos sentimos especiais se por acaso nos deixam ouvir alguma conversa por detrás da porta.
A não ser pelas reuniões do NA das quais participamos, o filme não quer deixar qualquer lição de moral. É um simples fim de semana.

Onde está passando em Belo Horizonte:

Paragem (Av. Prof. Mário Werneck, 1.360, Buritis)
Paragem 2 - 14:15, 16:30, 19:00, 21:15

Usina (Rua Aimorés, 2.424 - Santo Agostinho)
Usina 1 - 14:10, 16:15, 19:30, 21:40

Veja os sites das duas salas nos links ao lado>>

Para ler o que quem entende pensa:

**Críticos
<http://www.criticos.com.br/new/artigos/critica_interna.asp?artigo=1687>

Na cozinha do cinema

Sunday, March 15, 2009

Milk - A voz da igualdade



(Milk, EUA, 2008)

Esse foi o último filme que assisti, e devo dizer que esperava algo muito mais surpreendente. Começando pelo melhor, Sean Penn surpreende de verdade e mereceu o Oscar, sem dúvidas.

O início é empolgante, dá vontade de estar lá, com aquelas pessoas, fazendo aquela revolução. Mas, como acontece com todos os que chegam ao poder, depois que Milk ganha a eleição e entra de vez para o governo, o filme torna-se um maçante documentário sobre os bastidores de um parlamentar.

Para mim, pareceram dois filmes. Um conta o início da trajetória de Harvey Milk, com enquadramentos irregulares e fotografia interessantísima (note a cena em que o apito serve de espelho para a ação), trilha sonora envolvente e ritmo certeiro.

O segundo filme começa logo após as comemorações de sua vitória na disputa por um lugar no governo. A câmera torna-se fixa, morosa. As cores saem do colorido hippie para um azul acinzentado bem ao tom do terno que Harvey Milk passa a usar. Uma sobriedade que chateia.

Apesar de tudo, a história tem relevância e foi bem contada.
Se você ainda não assistiu, não se deixe levar pelas críticas (oficiais ou oficiosas). Assista.

Para ler o que quem entende pensa, acesse os links abaixo:

- Críticos: <http://www.criticos.com.br/new/artigos/critica_interna.asp?artigo=1694>

- Uai Cinema: <http://www.new.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_3/2009/02/20/ficha_critica/id_sessao=3&id_noticia=7834/ficha_critica.shtml>

- Adoro Cinema: <http://www.adorocinema.com/filmes/milk/milk.asp>

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